O cavalo Mangalarga Marchador é brasileiro e possui um andamento diferente de qualquer outra raça de cavalos no mundo.
Não porque foi ensinado a marchar desta forma mas porque em seu DNA os genes que determinam a distribuição dos seus tempos de apoio ao solo são diferentes de outras raças, sabe porquê?
Eles evoluíram através da seleção feita pelos criadores com o passar das décadas. Esta e várias outras peculiaridades tornam este cavalo um recordista, sendo a raça com o maior número de criadores, animais e exposições da América Latina. Mas como exatamente surgiu a raça e como foi que ela chegou a este nível?
Saiba tudo sobre o cavalo Mangalarga Marchador: Sua história, padrão racial, ranking, principais criatórios, papel da ABCCMM, e entenda definitivamente o que é marcha e porque o Brasil possui o único cavalo genuinamente marchador no mundo!
Esta intrigante raça de cavalos está em plena expansão no brasil, e se originou pós descobrimento, através do desejo dos percussores em possuir um cavalo cômodo para as suas viagens. Este cavalo era usado tanto para o serviço quanto para o lazer. Precisava ser dócil, porém ligeiro.
Desta forma os criadores foram selecionando e evoluindo sua tropa, hoje é possível adquirir este fascinante animal mesmo sem ter fazenda ou lugar para criar.
Existem alguns haras como por exemplo o Haras Cisplatina que vende e muitas vezes hospeda o próprio animal para seus clientes.
Quando D. João V criou a Coudelaria Alter do Chão em Portugal no ano de 1748, com certeza ele não tinha ideia de que faria parte da história do cavalo Mangalarga Marchador.
Naquele momento ele plantara a semente de uma nova raça, e que no ano de 2018 ou seja, 270 anos depois viria a ser a maior raça de animais da América Latina batendo todos os recordes.
Foi presentando Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas proprietário da Fazenda Campo Alegre, com um cavalo da raça Alter chamado “Sublime” que esta semente foi irrigada por seu sucessor D. João VI.
Amante do cavalo, o barão e percussor do cavalo Mangalarga Marchador acasalou o garanhão que ganhara de presente de Dom João VI com éguas comuns da região denominadas “crioulas” e começou a apurar animais que poderiam trazer mais conforto nas suas viagens.
As éguas nativas, provavelmente, eram descendentes dos primeiros equinos trazidos, também da Península Ibérica, no início da colonização brasileira, em 1534. Elas contribuíram para a formação do cavalo Mangalarga Marchador com sua rusticidade e capacidade de adaptação a condições adversas, coragem para enfrentar desafios, lealdade, grande resistência as longas cavalgadas e andamento com ótimo rendimento e grande comodidade (ABCCMM, 1991 e Casiuch, 1997).
Foi em uma de suas viagens que Gabriel Francisco Junqueira conheceu o cavalo de um senhor cego. Segundo relatos esse cavalo era inacreditavelmente cômodo para aquela época. O barão ficou completamente apaixonado por seu andamento, não resistiu e fez uma proposta alta no animal.
O cego com muito pesar o vendeu e o barão tratou de leva-lo para cobrir com as melhores filhas do “Sublime”, cavalo que ganhara de presente de D. João VI.
Assim o sul de minas se tornou o berço da nossa raça e foi de lá que saíram e ainda saem os equinos mais marchadores do brasil e quiçá do mundo.
Portanto o cavalo Mangalarga Marchador tem ascendência ibérica, com descendência direta da raça Alter (Puro Sangue Lusitano). Vinda de Portugal com a família real em 1808.
Os criadores mineiros, principalmente os Junqueira, descendentes do Barão de Alfenas, continuaram a selecionar o cavalo Mangalarga Marchador.
Dos 10 filhos do Barão, 2 se destacaram na criação; Francisco Gabriel de Andrade Junqueira (Chiquinho do cafundó) de quem descendem os proprietários da fazenda Tabatinga e Antônio Gabriel da fazenda Narciso.
Um sobrinho do Barão também foi muito importante na formação da raça, José Frausino Fortes Junqueira, criador da fazenda Favacho e obcecado por cavalos marchadores. Foi após o casamento dele com uma filha de João Pedro Diniz Junqueira, proprietário da fazenda Traituba, que esta iniciou também sua criação de cavalos da raça Mangalarga Marchador.
José Frausino adorava caçar, era profundo conhecedor de cavalos e primava por animais macios e cada vez mais marchados. Talvez seja por este motivo que a linhagem Favacho e Traituba são conhecidas por terem animais extremamente competitivos nos dias de hoje.
A atmosfera do marchador tomou conta do sul de minas e foi nesta busca por cavalos marchadores que alguns fazendeiros tradicionais da região se ingressaram dando origem às principais linhagens da nossa raça.
Muitos destes criadores deixaram filhos e netos que criam com muita qualidade até hoje. Algumas das famílias que se instalaram nesta região tornaram-se ancestrais de várias das mais tradicionais famílias mineiras, como:
Os Junqueiras, Resendes, Andrades, Meirelles, Reis, Ferreiras e os Carneiros.
Segundo Costa et al. (2005b), a atual população de cavalo Mangalarga Marchador é constituída, em ordem de importância, por cinco grupos genéticos descendentes dos animais:
A égua Herdade Alteza é mãe e avó do garanhão que mais progênies deixou na raça Mangalarga Marchador, Herdade Capricho, filho de Herdade Cadillac. Fato que contribuiu para que ela se tornasse o principal animal formador da raça Mangalarga Marchador.
As primeiras fazendas a criar o cavalo Mangalarga Marchador foram; Favacho, Angaí, Narciso, Campo Lindo, Campo Alegre e Traituba, no sul de Minas Gerais.
Estes são os primeiros seis criatórios e consequentemente foram considerados núcleos de criação por Bortoni (1991) e Casiuch (1997).
Após essa época a criação dos animais marchadores cresceu exorbitantemente. Hoje está presente em todo o território nacional e também em algumas partes do mundo.
Segundo Casiush, dentre os principais núcleos de criação do cavalo Mangalarga Marchador e que hoje são consideradas como linhagem estão as fazendas; Água Limpa, Leme, Caxambu, Criminosos, Engenho da Serra, Juca Carneiro, Passa Tempo, Tabatinga, Bela Cruz, Porto, Ara, FR, Herdade, Itamotinga e Abaíba.
Casiuch fez uma divisão das linhagens do Mangalarga Marchador em dois grupos, chamados de linhagens antigas e linhagens de tradição. Se você quer se aprofundar no assunto clique aqui
Abaixo um vídeo épico feito em 1978 na Fazenda Herdade, com alguns dos animais citados.
Muitos criadores já queriam se organizar para terem melhor definido um padrão racial. Portanto uma associação brasileira dos criadores do Cavalo Mangalarga Marchador seria inevitável. Era necessário um estatuto e um rumo a seguir de forma que pudesse garantir o crescimento sustentável da raça.
Foi com estes interesses que em 16 de julho de 1949, em reunião realizada em Caxambu – MG, foi fundada a ABCCMM. Hoje com sede em Belo Horizonte – MG. Na reunião se encontravam os principais interessados do Brasil
O primeiro padrão da raça foi aprovado em 25 de outubro de 1950 e modificado em 17 de agosto de 1951. Hoje a Abccmm possui um estatuto e regulamentos muito bem definidos em seu site, confira aqui.
Em sua criação a entidade possuía 132 associados e, 40 anos depois em 1989, eram 6 mil sócios e 150 mil animais registrados.
Hoje A entidade possui mais de 15 mil associados e mais de 520 mil animais, com dezenas de núcleos que estão presentes nos principais estados.
Após internacionalização a associação possui representação oficial nos EUA, Itália, Alemanha e Argentina. São mais de 240 eventos chancelados anualmente em todo o país. Gerando cerca de 40 mil empregos diretos e 200 mil indiretos.
Em 19 de maio de 2014, foi sancionada a Lei nº 12.975, que declara “a raça de cavalos Mangalarga Marchador, a raça nacional”.
O projeto é mais que uma demonstração de reconhecimento, o novo título representou uma importante conquista do setor, pois a iniciativa ajuda a promover e fomentar da raça.
De lá pra cá nossa raça teve centenas de criadores expressivos que alternaram de posição no ranking com o passar dos anos. Em um movimento cíclico muitos tiveram momentos de glória e alguns brigaram durante anos na cabeça, e brigam até hoje.
São muitos nomes que poderíamos citar, mas achamos mais prático colocar aqui o ranking de criadores da Abccmm
Na hora de comprar seu cavalo Mangalarga Marchador fique atento ao padrão racial . Priorize o andamento com foco na dissociação .
A boa morfologia é consequência e será influenciada pelo andamento garantindo boas angulações e aprumos. Para uma morfologia próxima ao padrão racial, vale a pena consultar as medidas e angulações !
O animal tem que ter um ótimo pai, mas a melhor mãe de todas!
O sucesso dos melhores animais está na linha baixa do papel sempre.
Por obviedade se uma água pode ter 7 produtos no ano através de transferência de embrião e um cavalo pode ter 500 através de inseminação artificial.
Portanto as melhores éguas da raça são formas de campeões, elas são de muito mais difícil acesso do que os melhores cavalos.
Seus óvulos são muito concorridos por isso custam fortunas e poucos os detém, diferentes dos melhores cavalos.
Para os melhores cruzamentos da raça fique atento principalmente ao nível da mãe.
Na nossa visão, o cavalo que você vai escolher precisa ter o melhor pai possível.
Mas a sua mãe será a chave do sucesso, se, ele for claro, um bom produto.
Para consultar os filhos de um animal, a premiação deste animal em pistas, ou até mesmo a premiação de seus filhos e constatar a qualidade dos ascendentes do animal que está adquirindo basta entrar no site da Abccmm.
Faça a pesquisa no campo animais, através deste link
Vale também conferir o próprio animal nestas pesquisas para saber se ele é registrado e se possui filhos e premiação. Pode ser que o vendedor esqueceu de te falar alguma coisa. Vá em frente e olhe aqui! Com estas informações você pode tomar a decisão correta.
Então partimos para as qualidades do cavalo que você quer comprar, ele é marchador? Analise um vídeo dele congelando e soltando a imagem, assim fica mais fácil ver sua distribuição de tempos de apoio. Abaixo falaremos sobre os 5 quesitos da marcha.
Fique atento para a vida útil do cavalo, os bem cuidados podem chegar aos 27 anos de idade. Porém aproximadamente aos 19 sua saúde começa a se deteriorar e os cuidados precisam aumentar.
É o andamento peculiar da raça e pode ser batida, picada ou de centro. Ela se assemelha ao passo, porém é acelerada. Garantindo assim apoios alternados dos bípedes laterais e diagonais, intercalados com momentos de tríplice apoio. Existindo também a ocorrência de sobre pegada ou retro pegada.
Os anteriores formam um semicírculo e os posteriores uma alavanca que impulsionam o animal.
Para garantir a correta evolução da raça dentro dos padrões, a ABCCMM chancela aproximadamente 240 provas de marcha anualmente. Nelas os árbitros analisam os animais do solo e também montados, em 5 quesitos;
O animal que não proporciona atritos verticais frontais ou laterais ao cavaleiro e que possui bom temperamento de sela é considerado um cavalo cômodo.
Normalmente os animais mais dissociados proporcionam menos atritos portanto tendem a ser mais cômodos. Porém a falta de atritos não é tudo na comodidade.
Qualquer outra característica que traduz em prazer ao montar um cavalo também influencia em sua comodidade, tais como.; a energia do animal, seu adestramento, se não está pesando nas rédeas, sua atitude e sua frente na posição correta.
É a facilidade que um cavalo possui de percorrer uma distância maior com o menor número de passadas. As passadas precisam ser amplas e elásticas, sem perder o equilíbrio e o estilo.
A ocorrência de sobre pegada e ultra pegada são desejáveis e ocorrem quando o animal coloca o posterior acima ou a frente de onde colocou o anterior ao solo. Comprovando posteriores elásticos e muita impulsão.
É literalmente a regularidade do animal durante a prova. Ele se manteve do início ao fim equilibrado, com vontade, rendimento e gesto de marcha? Começou a brigar ou bater cabeça?
O momento final do concurso de marcha é a hora onde os resultados serão anotados pelos árbitros para serem anunciados e comentados na sequência. Portanto este quesito é muito importante.
Se o animal iniciar bem, mas terminar mal, não tem como o árbitro colocá-lo em boa posição e justificar que falta treino. O árbitro julga o momento e comenta no final do campeonato. Seus comentários precisam ter coerência com o que está sendo visto na pista por todos naquela hora
A harmonia entre o conjunto cavalo e cavaleiro são fundamentais para o bom adestramento.
Tanto quando monta o apresentador, quanto monta o árbitro.
O Animal calmo, porém, com energia e cadência, que respeita os comandos de rédeas, perna e assento são os mais bem adestrados. Este item é fundamental para quando o animal trabalha com rédeas livres, na marcha curta e na marcha alongada. Influenciando também o quesito comodidade.
Este normalmente é o quesito mais expressivo em um julgamento, o gesto de marcha é soberano. Se o animal não tiver bom gesto provavelmente não terá um bom resultado.
O Gesto de marcha segundo a Abccmm é “o diagrama de marcha associado às qualidades dos movimentos.
O animal avança em permanente contato com o solo, com apoios alternados dos bípedes em diagonal e lateral, simétrico, em quatro tempos. Obrigatoriamente intercalados por momentos de tríplice apoio.
A movimentação entre os membros anteriores e posteriores deve ser harmoniosa e bem articulada.”
O “delay” (diferença de tempo) que ocorre entre a troca dos apoios diagonais do cavalo é chamado de dissociação. Ele é responsável por tornar um cavalo marchador e por evidenciar os momentos de tríplice apoio.
Se o animal tocar o solo com seus apoios diagonais simultaneamente este não estará marchando. Se tocar em momentos diferentes intercalados com tríplice apoios aí sim, estará marchando. Porém a dissociação pode ser positiva ou negativa.
Dissociação negativa (desejável): Se o animal colocar o anterior no solo antes do posterior diagonal, o que facilita a sobre pegada.
Dissociação positiva (não desejável): Se o animal for dissociado, mas entrar com o posterior primeiro e o anterior diagonal depois este trabalha com dissociação positiva (não desejável), dificultando a locomoção por não conseguir dar sobre e nem retro pegada.
Reparem a verdadeira marcha é quando ocorre a dissociação Negativa, porém o nome pode confundir.
Portanto o animal diagonal que toca os membros diagonais ao solo simultaneamente está no meio do caminho.
Entre os dissociados positivamente e dissociados negativamente. Ele não estará marchando.
A Abccmm fez um vídeo muito bem produzido contado a história do cavalo Mangalarga Marchador.
Desde a criação da Coudelaria Alter do Chão em Portugal até os dias de hoje.
Os grandes criadores exportam material genético do Mangalarga marchador para várias partes do mundo, vejam;
Autor; Leonardo Lamines- Haras Cisplatina
Criando animais da raça Mangalarga Machador desde 2002 o Haras Cisplatina vem aperfeiçoando a genética dos seus animais. A compra e venda e o aluguel de baias fomentam o negócio. Se você gosta de cavalos ou quer trocar experiências, aqui é seu lugar.
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2 pensamentos sobre “CAVALO MANGALARGA MARCHADOR- SAIBA TUDO SOBRE”
gilberto diniz junqueiraPublicado em 1:31 am - ago 26, 2018
Parabéns!
Muito bom o blog!
Haras CisplatinaPublicado em 7:23 pm - out 23, 2018
Obrigado Gilberto Diniz Junqueira! Ficamos muito felizes em ouvir um elogio de um membro da família Junqueira, que tanto citamos com muita admiração neste blog! Obrigado